terça-feira, 4 de fevereiro de 2014
Olhar para as paredes
Quando o Nosso Destino é Olhar para as paredes
Tempo de limite.
Ao anoitecer a nossa vida, e as nossas forças desanimarem e as nossas energias enfraquecerem, ou a dor bater à nossa porta e a doença invadir o nosso ser, pensar e existir, ou as idéias não surgirem mais, e as nossas atitudes perderem o equilíbrio e a sensatez, e ainda o nosso cotidiano perder o sorriso das crianças, ou o entusiasmo dos jovens, ou a sabedoria dos mais velhos, então só nos resta olhar para as paredes...
Se nos tornarmos pessimistas em relação à existência de cada dia e de toda noite, ou o negativismo mergulhe em nosso oceano de realidades conscientes, ou a indiferença ocupar os vazios de nossa espiritualidade, ou o relativismo aumentar as nossas dúvidas e incertezas referentes à nossa família e ao nosso trabalho diário e noturno, ou mesmo os amigos começam a se afastar de nós, ou as garotas e as meninas não queiram mais namorar e paquerar, então só nos resta olhar para as paredes...
Se a alegria se afastar de nós, e não sorrirmos mais para as pessoas ao nosso lado e em torno de nós, e perdermos o sentido do bem que devemos fazer e a razão da paz que precisamos viver, então só nos resta olhar para as paredes de nossa casa, ou do nosso trabalho, ou de nossa rua de cada dia...
Então, silenciamos...
E as nossas ausências aparecem.
E as nossas carências acontecem.
Ficamos sem nada.
O vazio nos invade.
Falta-nos tudo e todos.
E assim só nos restam as paredes do nosso edifício, o barulho dos elevadores, a discussão nas escadas, ou o rádio que toca sem ninguém para ouvir, ou a televisão que a gente vê mas não enxerga o seu conteúdo querendo nos ensinar alguma coisa para a vida...
E novamente olhamos para as paredes, sem nada para fazer, sem nada para sentir, sem nada para enxergar, sem nada para experimentar, sem nada para nos ocupar e nos preocupar...
Sim, só nos restam as paredes à nossa frente e ao nosso lado...
Talvez, nesse momento, encontremos Alguém que nos preencha os vazios do ser, os nadas do pensamento, os sentimentos sem paixão, os amores sem tesão, os prazeres sem orgasmo...
Quem sabe encontremos a Deus diante de nós...
Pode ser.
Só sei que só nos restam as paredes.
Porque os amigos sumiram.
As mulheres desapareceram.
As pessoas se afastaram de nós.
Os bons tempos evaporaram.
Então, mais uma vez, voltamos para as paredes, e começamos novamente a pensar, refletir, meditar.
E descobrimos que somos pensamento.
Que tudo é ideia.
Que todos são conhecimento.
E, de repente, Deus acontece nesse instante na nossa consciência.
E as paredes nos fazem divinos.
E nos tornamos mais humanos.
E nos vemos eternos.
Eternos no pensamento que olha para as paredes.
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